quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Continuação dos mitos

MASTIGAR GENGIBRE

Embora muito usado no meio do canto popular e no teatro, não existe nenhum
estudo científico sobre sua eficácia. Do mesmo modo, não há estudos controlados
sobre os componentes e os efeitos da própolis, porém, parece haver ação
antiinflamatória e lubrificante da boca e da faringe.

TOMAR MEL COM LIMÃO E SIMILARES

A combinação de mel e limão ou vinagre e sal é muito utilizada, contudo devem ser
evitadas. O mel, consumido de modo isolado, é um lubrificante das caixas de
ressonância superiores, a faringe e a boca, mas o limão, o vinagre e o sal ressecam
as mucosas, e não devem ser usados com objetivos vocais.

Mitos sobre a voz cantada.

NUNCA RESPIRAR PELA BOCA?!

A cavidade nasal é a entrada preferencial do ar para dentro do corpo. No nariz, o ar é purificado, aquecido e umidecido, usando nesta tarefa, uma série de cílios (pêlos) e reentrâncias (coanas) por onde o ar passa em redemoinhos. Por outro lado, a
respiração bucal é mais rápida e direciona maior quantidade para dentro dos
pulmões num tempo mais curto, já que o trajeto a ser percorrido é menor e a porta de
entrada maior. Assim sendo, durante o canto ou a conversa em frases rápidas, é
impraticável respirar apenas pelo nariz, o que nos leva à respiração buco-nasais, com
entradas bucais nas emissões que se sucedem rapidamente e entradas nasais nas
pausas longas

NÃO USAR FALSETE, POIS É UMA VOZ FALSA E FAZ MAL. ALÉM DISSO, MULHERES NÃO TÊM FALSETE.

Falsete é o modo de se emitir a voz. Esse conceito está associado à noção de
registros vocais. Em relação à voz, registro refere-se aos diversos modos de se emitir os sons da tessitura. De modo geral reconhece-se a existência de três registros:o basal, o modal e o elevado.
O falsete é um dos sub-registros que compõe o registro elevado, que é o das notas mais agudas da tessitura. Este nome não quer dizer que a voz soe falsa ou que seja produzida por outras estruturas que não as pregas vocais.
Falsete vem de falsa voz feminina, pois alguns homens cantavam em falsete na
idade média, quando não se permitia que as mulheres participassem de coros
religiosos. Na emissão em falsete as pregas vocais estão alongadas, porém com
pouca tensão. A mudança para o falsete corresponde a uma necessidade fisiológica
de se prosseguir numa escala musical em ascendente.

NÃO APRESENTAR ZONAS DE PASSAGEM DE REGISTRO

Existem regiões intermediárias entre os registros vocais, quer seja entre o basal e o
modal, ou entre o modal e o elevado nas quais ocorrem as principais mudanças nas
ações musculares. Essas regiões são conhecidas como zonas ou notas de passagem.
Alguns cantores não mostram suas notas de passagem, enquanto outros apresentam
verdadeiras quebras de sonoridade entre a última nota de um registro e a primeira
nota do registro seguinte. Na verdade, a mudança entre os ajustes musculares sempre
ocorre, o que varia é o quanto ela é evidente ou não para o ouvinte.

GARGAREJAR COM UÍSQUE, VINAGRE OU SIMILARES ANTES DOS ENSAIOS E
APRESENTAÇÕES

Alguns cantores têm o hábito de gargarejar bebidas alcoólicas ou até mesmo de
tomar uma dose para “esquentar” a voz antes de ensaios ou apresentações. Essas
pessoas geralmente referem que fica mais fácil cantar sob o efeito do álcool. A ação
imediata do álcool sobre as paredes da boca e da faringe é o de uma anestesia
temporária, o que significa que as sensações nessa região ficam reduzidas. Assim,
todo o esforço que se pode estar fazendo para cantar não é percebido e o cantor pode
erroneamente acreditar que está cantando melhor. Além disso, o efeito do álcool
sobre o sistema nervoso nos deixa mais desinibidos, mais soltos e, portanto, o medo
de uma apresentação pode diminuir. Contudo, a partir de uma segunda dose (ou até
mesmo da primeira, em pessoas mais sensíveis) pode-se perder o controle fino da
afinação e do volume de voz, produzindo-se também uma articulação pouco precisa
e com desvios nos sons da fala. A qualidade vocal fica pastosa, comprometida para o
canto. Um outro fator importante é o edema (inchaço) nas pregas vocais causado
pela ingestão de várias doses de bebida, principalmente destiladas.

USAR SPRAYS

Medicações em forma de spray devem ser usadas apenas quando prescritas pelo
médico e em casos específicos, como por exemplo, de inflamações das vias aéreas,
situações onde se deve evitar o uso da voz cantada. Cantar quando não se está em
condições de saúde vocal pode ser muito arriscado e corre-se um alto risco de se
produzir lesões no aparelho fonador, incluindo edema e disfonias hemorrágicas das
pregas vocais. Tais fórmulas em spray geralmente incluem um componente
analgésico e anestésico que atua como o álcool sobre as paredes da boca e da
faringe. Tais preparados, por serem apresentados em forma de aerosol, chegam a
atingir a laringe e os pulmões, podendo reduzir as próprias sensações da laringe e da
árvore respiratória, o que prejudica ainda mais o canto.

CHUPAR PASTILHAS PARA LIMPAR A VOZ E A GARGANTA

As pastilhas quando possuem o componente anestésico, apresentam os mesmo
inconvenientes causados pelo uso de spray. Quando há presença elevada de cítricos
(limão ou laranja), ou ainda em versão dietética, pode haver ressecamento do trato
vocal e portanto devem ser evitadas.